1 Eduardo e Monica
Quem um dia irá dizer/ Que existe razão/ Nas coisas feitas pelo coração? / E quem irá dizer/ Que não existe razão?
Casamento de 22 anos
Renato Russo se inspirou em vários casais de amigos para compor a canção. Chegou a dizer que ele mesmo era o Eduardo, só que menos bobo. Mas os maiores inspiradores foram a amiga Leo Coimbra e seu marido, o diplomata Fernando. Casados há 22 anos e há sete meses morando na Índia.
A Amiga Leo Coimbra, A “Monica”“A canção é uma homenagem ao Fernando, meu marido, e a mim. Renatinho me ligou um dia e disse que tinha uma música para me mostrar. Cantou todinha, no telefone, e disse que a música era homenagem à gente. Da canção, só me encaixo quando ele diz que Monica adorava os filmes de Godard e tinha tinta no cabelo – como sou artista plástica, às vezes tinha mesmo tinta no cabelo. Apesar de ter tido avó alemã, não falo nada dessa língua. E nunca fiz medicina. Temos três filhos. Na época da música, os meninos eram pequenos, e nenhum deles ficou de recuperação. Talvez o que ele quisesse mostrar é que duas pessoas podem se encontrar, se casar e ser felizes juntas, mesmo que venham de realidades diferentes.”
Marcelo Fróes, Jornalista e Amigo
“A música foi feita na fase pós-aborto, pré-Legião, em que ele fazia os shows do Trovador Solitário (fase solo do Renato Russo, em 82). A versão original tinha uma estrofe a mais, registrada na demo original do Renato. Existe uma música inédita dele, Setor de Diversões Sul, feita na primeira pessoa, em que Renato reencontra os personagens Eduardo e Monica. Ele está na sarjeta quando é salvo pelo casal de amigos. Talvez saia um dia...”
Renato Russo
“Hit single fortíssimo e imediato. Faixa de abertura ideal para o lado 2, não fossem as dificuldades apresentadas pelo resto do material em termos de ordem de apresentação. Não parece convencer muito na única posição encontrada até agora, faixa 4 lado 1, seguida por Tempo Perdido.” (trecho de carta de 4 páginas que Renato escreveu à gravadora EMI detalhando o disco Dois)
Paulo Ricardo, do RPM, após ouvir a música
“É, Renato, dá pra notar por Eduardo e Monica que teu negócio é meio Osvaldo Montenegro.”
Renato Russo, com Ódio mortal dando murros na Perna
“Ele ainda vai me pagar, ele vai me pedir perdão! Ele me paga!” (do livro Dias de Luta, Ricardo Alexandre).
2 Daniel Na Cova Dos Leões
E o teu medo de ter medo de ter medo / Não faz da minha força confusão
Não à Gravadora
Era uma música bem dançante e sem letra, feita com sintetizador e bateria eletrônica. A gravadora quis lançar como single, mas a banda vetou. Ela foi bem transformada antes de virar a Daniel que todo mundo conhece.
Renato Rocha, O Negrete
"Me lembro bem do dia porque achei a letra engraçada. Em nenhum momento falava sobre Daniel ou a cova dos Leões."
3 Quase Sem Querer
Já não me preocupo / Se eu não sei porque / Às vezes o que eu vejo / Quase ninguém vê
Toda Boa
De acordo com a carta de 4 páginas que Renato mandou à EMI sobre as novas canções, esta seria um dos singles, "em letra e música."
Renato Russo
"Não que eu escreva melhor quando estou melancólico, mas eu encontro sobre o que escrever. Mesmo que seja uma música positiva, como Quase Sem Querer, sempre vem da necessidade de resolver alguma coisa que não está resolvida" (no livro Renato Russo de A a Z).
4 Acrilic On Canvas
Eu juro que nunca quis deixar você tão triste / Sempre as mesmas desculpas / E desculpas nem sempre são sinceras / Quase nunca são
Rock Inglês
Renato Russo disse que a música era uma tentativa de fazer rock da gravadora Factory (do New Order e Joy Division, entre outros).
5 Central do Brasil (Instrumental)
Dado
"Era um tema instrumental antigo de Renato"
Renato Russo
"Esta faixa serviria de ponte temática e instrumental para eventuais problemas incompatibilidade entre as diferenças individuais das outras canções, uma interação entre o elétrico e o acústico (quanto à textura instrumental) e o oblíquo em contraste ao acessível (letras e temática), sendo útil também como complementação quando ao timing (determinando o equílibrio entre duração de tempo dos lados 1 e 2)" (Na carta à EMI).
6 Tempo Perdido
Todos os dias quando acordo / Não tenho mais o tempo que passou / Mas tenho muito tempo / Temos todo tempo do mundo
Plágio
Disseram que a canção era uma cópia do The Smiths, o que deixou Renato nervoso. Depois ele admitiu que ficou com vergonha quando a ouviu, de tanto que ela parecia com a banda inglesa.
Marcelo Fróes
"Boa parte da primeira estrofe foi reaproveitada de uma música inédita e antiga de Renato, a 1977, nunca gravada. Mas todo o resto foi feito pouco antes de o disco ser gravado."
7 Metrópole
É sangue mesmo, não é mertiolate / E todos querem ver / E comentar a novidade / É tão emocionante um acidente de verdade.
Negrete
"Foi a música mais difícil de tocar com o Legião. Era muito rápida e eu já não tocava nessa velocidade. Nunca conseguimos tocar ao vivo."
8 Plantas Embaixo do Aquário
Aceite o desafio e provoque o desempate / Desarme a armadilha e desmonte o disfarce
Punk
A banda cambava cada vez mais para o pop: Mas o disco era pontuado por resquícios punk, como nesta música, que tenta gritar contra a burocracia e contra a guerra no versos do tipo: "Não deixe a guerra começar"
Negrete
"Ele fez a letra naquela época, anos 80, claro. Mas a música tem tudo a ver com os dias de hoje."
9 Música Urbana 2
E a matilha de crianças sujas no meio da rua / Música urbana
Parte 2
Feita nos tempos de Trovador Solitário, antes da formação do Legião, recebeu o 2 porque a outra Música Urbana - também de Renato - foi gravada antes pelo Capital Inicial em 86
10 Andrea Doria
Não queria te ver assim / Quero a tua força como era antes / O que tens é só teu / E de nada vale fugir / E não sentir mais nada
Naufrágio
O nome da música vem do nome de um navio que naufragou. Renato teve a idéia de escrevê-la depois de ouvir a história da mãe de Bi Ribeiro, dos Paralamas.
Dado
"As músicas Andrea Doria e Quase Sem Querer saíram no meio dos ensaios da banda. Fizemos a base toda e, ao longo da gravação, Renato veio com a letra."
11 Fábrica
Deve haver algum lugar / Onde o mais forte não / Consegue escravizar / Quem não tem chance
O Povo Unido: Crítica trabalhista
12 "Índios"
Quem me dera, ao menos uma vez / Que o mais simples fosse visto como o mais importante / Mas nos deram espelhos / E vimos um mundo doente
Vamos Brincar de Índio
O nome da música tem aspas mesmo porque, segundo Renato, índios com aspas é muito diferente de índios sem aspas (ãhh?). Ele só não explica como.
Mayrton Bahia, Produtor
“Ele ia lendo a letra em cima da base, adaptando ela ao ritmo. Assim nascia a melodia. A letra de "Índios" era enorme, sem métrica. Ele gravou uma, duas, três, quatro, cinco vezes. Lá pela décima - terceira, desistiu. Disse que a letra não encaixava na música. Como eu gravava tudo, voltei para terceira tentativa e pedi pra ele ouvir. Estava ótima. Foi a que entrou no disco."
Geórgia Manfredini, Prima
"Ele escreveu essa música quando cortou os pulsos. Eu estava passando férias em Brasília e ele brigou com os pais. No meio da noite, ouvimos um grito do quarto dele. Ele tinha cortado os pulsos. No hospital, percebemos que ele só queria chamar atenção. Ficava perguntando se tínhamos lido a música que ele acabara de escrever. Era "Índios".

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